quarta-feira, 22 de maio de 2019

Luta e Orgulho LGBTQ+ em Brasília | Parte II


Vai ter muito Luta e Orgulho, sim. Hoje, nós vamos dar continuidade a nossa série sobre as delícias e dores de ser LGBTQ+ em Brasília. Assim como em qualquer outra cidade, o quadradinho carrega o peso de pessoas que tiveram que crescer lutando desde muito cedo pelo direito de serem felizes e se orgulharem de si mesmos.

Agora é hora de conhecer a história da Isabella e do Marcos. 


Isabella Silveira, 19 anos, estudante de Publicidade e Propaganda

Crescer LGBT em Brasília é crescer sem ter referências próximas de que aquilo é normal ou até possível. O desenvolvimento da minha sexualidade sempre foi duro e depois de 5 anos assumidamente LGBT não me sinto totalmente confortável. Desde criança, na escola e na família, era algo condenado. A única mulher lésbica que eu conhecia era minha tia avó, extremamente castigada pela família. Ela tinha um problema no pé e me falavam que era uma vingança de Deus por conta do seu estilo de vida. Nunca foi normal ou aceitável não ser heterossexual nas escolas em que eu estudei. A primeira vez que tive um namoro sério com uma menina, no terceiro ano do ensino médio, a diretora tinha acabado de tirar outra estudante do armário para a sua família. Como me sentiria segura assim? Aos 14 anos, fui colocada em um psicólogo, para "consertar" esse desvio do padrão que eu tinha. Resumindo, nunca fui expulsa de casa ou sofri agressão física, como é a realidade de muitas pessoas, porém, podemos concordar que não foi uma adolescência normal. Alguns pensamentos e situações que passei, uma pessoa hétero não teria que passado.


Depois que me tornei maior de idade, pude sair da minha bolha social e conhecer outras pessoas LGBT’s, principalmente no meio do futebol feminino. Eu e minha namorada passamos a frequentar lugares que nos acolhiam e nos permitia agir normalmente como se fôssemos um casal de homem e mulher em qualquer lugar. Por exemplo, alguns bares da 410 Norte, festas no Setor Comercial Sul, Universidade de Brasília, festas no Subdulcina, Victoria Haus, casas de amigos, entre outros. O tratamento que recebo nesses lugares, de uma pessoa “normal”, me faz sentir muito acolhida, e me faz acreditar que um dia a maioria dos lugares possa ser assim.

Marcos Junior, 28 anos, formado em Direito

Crescer gay em Brasília, na minha experiência, ao contrário de uma grande quantidade de LGBT's, não foi complicado. Pode ter sido pelo fato de ter me entendido tardiamente. Eu cresci estudando em escola católica e que, apesar disso, não se via alunos praticando bullying ou atos de preconceitos com outros alunos (ou eu era muito desligado pra isso), então não sofri com a repressão por parte dos colegas de escola.

Eu acho que também posso contar com a sorte de sempre a maior parte dos meus amigos serem formados fora da escola e que nunca trataram a homossexualidade como um tabu, sendo um grupo de amigos que quando eu finalmente entendi a minha sexualidade já tinha outros amigos "assumidos". Os demais que não se importavam com isso foram de uma grande ajuda pra quando eu achei necessário contar para os meus pais, que também não ligaram nem um pouco para o fato de eu ser gay ou não.


Além disso, sempre fomos de frequentar locais onde ser LGBT é "normal", como por exemplo, os bares da 410 Norte, festas realizadas pelos cursos da UnB e boates para o público LGBT, onde eu nunca tive que me oprimir por ser gay e me comportar como uma pessoa que não sou, sendo tratado sempre de forma respeitosa, como qualquer pessoa deve ser tratada e me sentindo seguro para continuar frequentando.

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